O debate “Mundo do Trabalho, Protagonismo e propostas para enfrentar a crise”, realizado quinta-feira durante o Fórum Social Temático, em Porto Alegre, reiterou a importância do protagonismo das entidades sindicais na construção de alternativas à política da especulação e do parasitismo, ditada pelo sistema financeiro.
Representando a CUT, a secretária nacional de Comunicação, Rosane Bertotti, destacou o papel da unidade do movimento sindical e social para afirmar um modelo de desenvolvimento onde o Estado tem papel central na efetivação de políticas públicas, com serviços públicos de qualidade, geração de emprego e trabalho decente.
Rosane frisou que o fortalecimento do mercado interno é essencial no combate à crise que devasta a economia dos países capitalistas centrais, e ressaltou a necessidade da elevação do poder aquisitivo, tanto dos trabalhadores privados como do setor público. “Daí a importância da redução dos juros e do estímulo à produção nacional, para que tenhamos mais recursos do Orçamento injetado na economia, fazendo a roda da economia girar”, declarou.
Em documento conjunto CUT, CGTB, CTB, Força Sindical, NCST e UGT denunciaram que os governos da Europa e dos Estados Unidos estão adotando “medidas inócuas que apenas aprofundam ainda mais a crise, atingindo de forma especial os trabalhadores”. O corte de investimentos públicos, particularmente sociais e em educação, a demissão de funcionários, a redução de salários, alertaram, “resultam em mais recessão, falência industrial, desemprego e perda da qualidade de vida dos cidadãos”.
Diferente disso, desde o segundo governo Lula, quando eclodiu a crise, o país apostou em outro caminho para enfrentá-la, “com valorização salarial, criação de postos de trabalho, redução de impostos, desenvolvimento industrial, fortalecimento do mercado interno e protagonismo dos trabalhadores”. “Ao invés de investir na redução do papel social do Estado, na recessão econômica, no empobrecimento dos trabalhadores e na negação de qualquer futuro à juventude, é preciso apostar mais na força criativa e produtiva dos 99% da população mundial e menos no 1% representado pelo sistema financeiro". Para as centrais, “o novo mundo em construção exige valorização da produção, valorização do trabalho, vigência plena do trabalho decente, desenvolvimento com respeito ao meio ambiente e à sustentabilidade, democratização do acesso à informação e participação dos trabalhadores nas decisões”.
Coordenador da mesa, Clemente Gnaz Lúcio, do Dieese, destacou a relevância das mobilizações do movimento sindical para garantir aumento efetivo da renda, como a política de valorização do salário mínimo, na disputa por um projeto nacional de desenvolvimento que valorize o trabalho e distribua renda. Esta experiência é um exemplo para o sindicalismo internacional, avaliou.
Para dar coerência e força à luta pelo desenvolvimento sustentável, acrescentou Clemente, o movimento sindical brasileiro deverá ter forte presença no debate ambiental, “problema dramático” colocado para a Humanidade. “Precisamos trabalhar as dimensões econômica, social e ambiental como uma dimensão única e não segmentada. Temos hoje 1,5 bilhões de pessoas passando fome no planeta, quando reunimos todas as condições materiais e tecnológicas para que isso não ocorra. A democracia está em risco pela desigualdade”, alertou.